Desde o dia 17 de junho deu-se início uma série de manifestações em todo país que teve como estopim o aumento de passagens de ônibus em São Paulo (0,20 centavos).
Inicialmente seria apenas mais uma manifestação como tantas outras em São Paulo, mas para surpresa de todos ela tomou proporções gigantes, com a ajuda essencial das redes sociais e dos jovens e adultos que já insatisfeitos com tudo e todos, somaram dia a dia essa grande corrente em todo país.
O ápice da ATITUDE se deu quando a presidente Dilma foi vaiada na abertura Copa das Confederações em Brasília, em pleno estádio Mané Garrincha, lotado, em rede nacional e internacional, o que foi a gloria para um povo tão insatisfeito. A repercussão foi imediata e precisa para alegria dos manifestantes.
O povo feliz, festeiro e passivo agora mostrava para mundo a insatisfação com a fortuna gasta com a copa em detrimento a saúde, educação e segurança no país.
Tudo seria perfeito se as manifestações seguissem com foco e inteligência em busca de um único ideal, mas a medida que a quantidade de manifestantes crescia, cresciam também o número de vândalos, bandidos e oportunistas, que através da violência colocavam para fora todo o ódio reprimido sabe-se lá por quem, agora cuspido na cara de quem quer que o impeça de expressa-lo.
Ao contrario do que se esperava cada manifestante tinha em suas mãos seu próprio cartaz, e nele sua própria reivindicação pessoal.
Claro que estamos falando de um povo conhecido pelo bom humor e pela alegria, que sempre ri da própria desgraça e não foi diferente, cartazes criativos também coloriam os protestos.
Muitos jovens, lindos e coloridos para tão grande evento que entraria para os livros de historias, estavam lá, espalhados por todo o país, e tiravam fotos em meio ao caos para postar no Facebook, Instagram, incluindo aí frases do tipo: "a manifestação está melhor que micarê, já beijei 2", ou cartazes mais específicos onde cada uma colocava sua real necessidade do tipo "quero minha bolsa - Louis Vuitton".
Brincadeiras que tiravam o foco do que realmente precisamos, educação de qualidade, saúde e segurança entre outras necessidades básicas, transformando o que seria histórico, num grande circo.
O sentimento mais triste se deu, lógico que talvez só para mim pobre mortal, ao ver os vidros do Itamarati sendo quebrados, numa fúria nunca antes vista, pois sabendo o quanto custa e como é um processo licitatório, foi de cortar o coração, pois pensei exatamente no quanto seria gasto para repor todo o gasto com o vandalismo não só em Brasília mais em todo o país.
Ouvi frases do tipo: "não tem que amaciar não, a passagem tá cara, queima o ônibus e pronto", sendo que na realidade a população simplesmente ficará sem MAIS UM ou mais ônibus na frota.
O objetivo maior foi conseguido, visibilidade mundial da nossa insatisfação e miséria, onde todos puderam ver que os hospitais e estão caindo aos pedaços, que nosso transporte é péssimo, e que todo dinheiro que seria gasto com o PROGRESSO do país estão em estádios que nunca mais servirão para nada depois da copa, e que talvez a falta de EDUCAÇÃO do país, tenha desencadeado essa falta de foco e inteligência na hora de argumentar e usar toda essa mobilização em nosso favor.
A presidente fez discurso, totalmente preparada por um marketeiro, incluindo roupa, maquiagem e cenário. Falou alguns minutos e não disse nada, só disse que está ouvindo, estranho seria se não o tivesse.
As passagens não terão reajustes, mas os políticos continuarão onde estão, e os prejuízos que ainda acontecerão até o término da onda de protestos será todo nosso, como sempre.
Vi alguns comentários do tipo: " o que são vidros quebrados diante do roubalheira e dos desvios de dinheiro habituais". Os vidros quebrados, os ônibus queimados entre outros, somam sim ao final um montante pequeno em relação ao que já nos foi tomado durante décadas, mas com certeza não será abatido nos cofres públicos ou na "conta do governo", mas com certeza tudo será refeito, consertado e o prejuízo do vandalismo será TODO NO NOSSO.
Mas tudo isso serve também para percebermos como somos manipuláveis e como perdemos o senso diante da multidão enfurecida.
Às pessoas que conseguiram levar seu grito de mudanças sem violência e que ainda espera algo do pais, parabéns!
Agora é recolher os cacos e usar a cabeça para pensar com inteligência, sem medo de ver as coisas com olhar crítico e sem se importar em seguir a multidão que fala pela maioria.
Mais uma coisa é fato ao abandonarmos a TV aberta nossos olhos conseguem ver o que acontece de verdade, de forma clara, sem cortes, sem edição, claro que sempre com olhar crítico, pois mesmo nas gravações mais inocentes a pessoa que está do outra lado da lente, vai registrar apenas o que ela quer que vejamos, dessa forma temos que ouvir, ver e observar sempre mais de uma opinião ou versão, para tentarmos perceber o que há.
É percebido também nessas horas que na ausência da TV aberta, as redes sociais acabam fazendo o que a TV faz, alguém inicia um pensamento, o outro plagia, outros seguem, e a "boiada" vai...
As informações se repetem exaustivamente, não respeitando muitas vezes a ordem cronológica da coisa, sem critério ou critica e ninguém se preocupa em saber a fonte ou se cabe naquele momento. A moda é sempre COMPARTILHAR antes de PENSAR ou CRITICAR, e muitas vezes as grandes emissoras mudam o discurso e logo depois as redes sociais mudam também, desperdiçando assim essa coisa mágica que é o acesso a informação, essa liberdade em ver o caso por vários ângulos e canais.
Fora que, infelizmente, estamos vivendo na época dos rótulos, eu aceito ou não uma ideia independente do partido ou grupo e se o faço logo vem o rótulo "VOCÊ É A FAVOR ENTÃO" ou " JÁ SEI VOCÊ É CONTRA".
Não há senso critico para perceberem que a flexibilidade é uma qualidade, e que o que nos faz seres ativos e produtivos é o senso critico, é o argumento e a observação, que podemos ser a favor de uma ideia e nem por isso ser a favor do partido ou grupo, mas simplesmente daquela ideia que pode fazer a diferença.
Rezo e espero que tudo isso tenha valido a pena para que ano que vem demonstremos nossa insatisfação nas URNAS no VOTO.
Que essa fúria demonstrada, principalmente de quem não precisa de serviço publico, hospitais e ônibus, sirvam para eliminar os maus políticos de vez do cenário nacional.
E que todos percebam que sem fazer nossa parte, nada vai acontecer, e tudo voltará a ser como sempre foi...
Graziela Morais
Que essa fúria demonstrada, principalmente de quem não precisa de serviço publico, hospitais e ônibus, sirvam para eliminar os maus políticos de vez do cenário nacional.
E que todos percebam que sem fazer nossa parte, nada vai acontecer, e tudo voltará a ser como sempre foi...
Graziela Morais
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