Recebi um vídeo desse garotinho, e ao pesquisar vi que ele tem hoje 525 mil seguidores só no Instagram e 6,34 mil inscritos no Youtube, já pode ser considerado um Mini-Influencer.
A frase que faz a moçada rir é: “ah tem gostinho de maçã” - “sabe o que que tem gosto de maçã e é bem melhor? maçã porra”
Me disseram que ele é a nova sensação porque fala de forma engraçada, temas polêmicos, quase um "miniET".
Não consigo ver graça no vídeo, fiquei imaginado onde estariam os pais enquanto a criaturinha desbocada estava gravando? Estariam atrás das câmeras ou já largaram a criaturinha a vontade para forçar muitos likes e virais, já que hoje em dia viralizar é o caminho do sucesso!
O perfil dele diz que é monitorado pelo pai... Enfim... Imagino que tenha 5 ou 8 anos no máximo, e nesta idade as crianças tem que brincar, ler, interagir com outros seres humanos da idade dele e não ficarem coladas num celular falando palavrão e dando opiniões polêmicas sobre assuntos diversos, por mais inteligentes que sejam.
Viver atrás de uma tela falando tudo que pensa é viciante e extremamente perigoso para a mente, pois do outro lado da tela sempre tem comentários que podem destruir a vida de uma pessoa adulta, quem dirá de uma criaturinha dessas que mal saiu das fraldas e tem a vida toda pela frente para errar, acertar e aprender. Um desperdício de energia vital.
Como Geração Z, ele já nasceu no digital, e é natural e orgânico essa dependência da tecnologia, mas a dependência de aprovação e likes é opcional e esse filtro deve ser feito pelos pais, já que nesta idade a criança pode até saber se posicionar diante do celular, mas não responde ainda pelas bobagens que pensa ou fala...
Saiu em uma reportagem na BBC em 2019:
E essas restrições dos nossos gênios e criativos do século não são a toa, eles sabem do mal que a tecnologia faz com o cérebro humano e que crianças em fase de crescimento precisam exercitar o cérebro de forma criativa nesse período, qualquer Neurologista concorda com isso hoje em dia.
E sim, não tenho lugar de falar por não ser mãe, mas sou tia, e já criei e convivi com muitas crianças e sei exatamente o efeito maléfico das telas na vida de todas elas.
Não precisa ter lugar de fala para saber o que faz bem ou mal para nós e para uma criança é só observar! Nos dias atuais estamos perdendo a sensibilidade de ver o que está a nossa frente.
As reações e consequências estão aí, mas muitos preferem varrer para debaixo do tapete e ignorar.
Certa vez estava numa sala de espera com minha mãe, e havia do nosso lado uma mulher com uma bebê recém nascida no colo e ao primeiro sinal de choro ou desconforto a mãe, jovem, logo tirou o celular e colocou um desenho dinâmico e barulhento para a bebê que não tinha nem 3 meses observar, bem perto dos olhos dela... Logo a criança hipnotizada parou, sem reação diante do colorido. A mãe alegou que a tela a acalmava... Não, não acalma... paralisa, abstrai a realidade e transforma o pequeno cérebro em desenvolvimento em uma "amoeba" só seguindo a onda e colorido sem saber o que fazer, ela não tem opção, só olha e abstrai a vida.
Segundo especialistas: "O uso de telas e celulares em excesso por recém-nascidos e crianças pequenas pode causar malefícios significativos no desenvolvimento, incluindo atrasos na fala, problemas de visão, dificuldades de aprendizado, problemas de sono, obesidade e impacto na saúde mental"
É uma triste realidade que nos assola diariamente.
Antes usávamos chupeta ou mesmo, como contam os antigos idosos, as mães da roça que precisavam fazer seus serviços domésticos, faziam trouxinhas de tecido com açúcar dentro para as crianças chuparem e o docinho ia acalmando os bebes até dormirem.
A verdade é que esses "calmantes improvisados" sempre existiram e existirão, mas nenhum é tão desastroso como as telas nos dias de hoje.
Experimentar a simplicidade do viver e do existir e coexistir com o universo e a natureza nos revela nossa humanidade e como é bonito fazer parte. Nos comprova de forma clara e simples que não precisamos viralizar para sermos quem somos, basta respirar e sentir a vida real como ela é.
Estamos deixando de viver o real para ter sucesso numa vida de likes sem sentido ou propósito totalmente fake, e só saberemos o resultado exato disso quando essa geração passar, pois o estrago feito será visto daqui um tempo, se não tomarmos consciência e corrigirmos hoje, infelizmente.
Por incrível que pareça existe vida fora das telas e é na vida real que tudo acontece de verdade!
Graziela Morais
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