Medo de amar
Num tempo não muito distante já foi mais fácil se relacionar.
Um tempo onde as pessoas se conheciam, se experimentavam, se amavam, e se separavam caso não fosse o esperado.
Hoje vivemos uma situação estranha, onde as pessoas não podem perder tempo amando, ou se "comprometendo" com algo ou alguém.
O processo continua o mesmo, até melhor, pela liberdade sexual, e a facilidade nos encontros e intimidades, mas o medo paira no ar.
Não se sabe ao certo o objeto desse medo, pois diferente dos nossos pais e avós, ninguém mais é obrigado a morrer ao lado do parceiro independente do que aconteça, hoje podemos conhecer pessoas, pessoalmente, via amigos ou web, marcar encontros, beijar muitas bocas, experimentar vários sabores, e ao notar que não nos faz feliz, simplesmente partir ou deixar ir, sem traumas ou pudores. O sofrimento até acontece, mas nada que escravize a alma, o suficiente para colocar os pensamentos no lugar e sempre optar por você mesma...
O mais complexo é saborear do gosto bom, que nos envolve por completo e ao perceber a delicia que foi, fugir loucamente, como se fosse algo altamente tóxico ou maléfico, como se ao provar do beijo que faz delirar e faz pulsar todo corpo, fosse acionado imediatamente um sinal de alerta daqueles de perigo de incêndio e ao invés de se deixar queimar por inteiro naquele calor a ação fosse correr sem olhar pra trás para que nenhuma faísca alcance o corpo já em chamas...
Realmente a entrega, como já enfatizava Vinicius de Moraes "que seja eterno enquanto dure" são para poucos, e nessa falta de coragem, a vida vai seguindo, talvez com muitas histórias, mas com pouco conteúdo, pouco envolvimento e deixando passar aos nossos olhos e coração o que poderia ser uma linda história de amor, independente do tempo de duração...
Os que sabem compor, se utilizam dessas histórias as transformando em lindas canções, os que sabem desenhar transformam as cenas trágicas e dramáticas em lindas telas e obras de arte renomadas e os que escrevem tudo vira poesia, contos e livros!
E a vida segue, em eterna observação dos fatos, na esperança que as pessoas fiquem menos superficiais e voltem a se entregar a desejos e amores, para que possamos escrever não histórias imaginárias, mas com conteúdo, fortes, intensas daquelas que arrancam lágrimas e sorrisos de quem as ouve!
Graziela Morais
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