segunda-feira, 7 de abril de 2025

Burnout - Esgotamento e colápso

 


Em 07/04/2025 pedi demissão de um bom emprego, salário bom, horário bom por um motivo muito justo:

"PARAR PARA SE MANTER EM MOVIMENTO" (Izabella Camargo).

Uma palavra bonita, para uma situação antiga que nos ronda sempre: BURNOUT

"Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho."

Trabalho desde os 18 anos e posso dizer hoje no alto dos meus 47 anos que já passei por situações diversas no trabalho.

Sempre fui resolutiva e dedicada, e isso sempre me rendeu sobrecargas no trabalho e na vida, mas quando somos mais jovens a impressão que temos é que o corpo aguenta tudo, se recupera fácil, com uma simples e boa noite de sono.

Mas a medida que envelhecemos seu corpo vai te limitando e dizendo:

-Hei, chega né! Oi, vai ter que tomar uma decisão né! Então, assim não dá mais, se vira...

Muita gente não consegue sentir ou ouvir esses sinais e segue anestesiando com calmantes e drogas potentes ou mesmo uma boa cervejada para aliviar o estresse e segue fingindo que está tudo bem, e  muitas conseguem...

Mas sem resolver a raiz do problema e mudar a rota o corpo se agride e se detona e TE DESLIGA.

O câncer nada mais é que o próprio corpo em colapso, e não é nada de fora e sim de dentro, nossas próprias células desordenadas e desorganizadas colocando nosso corpo em xeque-mate.

Saí de algumas empresas destruída, física e mentalmente, mas logo me recuperei e recomecei, mas dessa vez foi diferente, mesmo sendo racional e tendo meus recursos para descansar e abstrair, não consegui. Topei um grade desafio e achei que daria conta, não dei. 

A sensação de colapso era eminente e física, diferente de uma crise de ansiedade eu podia sentir na carne a dormência no corpo que me invadia, muitas vezes faltando o ar e tendo a sensação que teria um desligamento automático a qualquer momento. E antes o que era meu escape, as longas caminhadas para relaxar não eram mais possíveis, porque fazia as caminhadas quase chorando de dor, não conseguia mais pisar no chão, tamanha dor na sola dos pés e joelho, joelho esse que nunca nem sabia da existência das articulações que tornam o caminhar leve. Mas sentia ao caminhar cada músculo repleto de dor queimando e me impedindo de continuar.

O sono não servia mais para "recarregar as energia" e o "desconectar da Matrix" como sempre brinco quando durmo, não acontecia mais, deitava e acordava do mesmo jeito, com a mesma aceleração e dor.

Os cabelos que sempre foram finos e poucos caiam aos tufos, como aqueles doentes de doença terminal, e eu não podia mais adiar o inevitável... Nem a leitura que me relaxava e me devolvia os batimentos cardíacos tranquilos e calmos funcionavam mais. Nada funcionava.

E mesmo precisando de cada centavo do salário, decidi dizer meu adeus e optar por mim, já que após um checkup não foi encontrada nenhuma evidência física do mal estar generalizado.

Saudável fisicamente era a hora de "PARAR PARA SE MANTER EM MOVIMENTO", antes que algo pior me tomasse de forma irreversível.

Uma decisão difícil quando não se nasce em berço esplêndido ou tem uma rede de apoio para te "bancar" na dificuldade. Mas decidir por nós mesmos faz parte da vida, é um ato de coragem e libertador. E mesmo achando que não há nada do outro lado da porta, sempre há, a vida é feita de recomeços e novos ciclos é só seguir.

E assim PAREI, para o espanto de todos ao redor...

Tive que fazer uma parada brusca e me afastar 100%, porque qualquer tentativa de negociação me angustiava ainda mais, então fugi e parei!

Hoje temos muita gente na mídia falando sobre o assunto, então você não se imagina mais um covarde ou E.T. você consegue ver a dimensão dos fatos já que especialistas explicam todo o processo, e assim conheci a história de Izabella Camargo e a partir dela li o livro e tantos outros que encontrei na sequência e entendi o que estava acontecendo de forma clara e o quanto é importante segui confiantes em nossa intuição e sinais.

Semanas depois nada de dormências, ausências, ou tufos de cabelo no ralo do banheiro, a vida seguia normal, me recuperando sem um único remédio, só seguindo em paz dando o tempo e o sono que meu corpo precisava naquela momento.

Direcionando o cuidado que temos com os outros com você mesma não tem erro. Em muitos momentos ter esse olhar maternal e carinho por nos mesmos faz toda a diferença e é libertador sempre.

Segundo os especialistas Burnout não tem cura e sem cuidado e tratamento, mas acredito que o autocuidado e perceber de verdade seus limites é a solução, porque esse distanciamento de nos mesmo tem seu preço e uma hora "a conta chega" como dizem!


Felizes os que estão sempre em momento com seus recomeços e aprendendo a se priorizar e se colocar na própria agenda!


Gratidão pela vida!


Graziela Morais